Método intuitivo[1]
O método
intuitivo, conhecido como lições de
coisas, foi concebido com o intuito de resolver o problema da ineficiência
do ensino diante de sua inadequação às exigências sociais decorrentes da
revolução industrial que se processara entre o final do século XVIII e meados
do século XIX. Ao mesmo tempo, essa mesma revolução industrial viabilizou a
produção de novos materiais didáticos como suporte físico do novo método de
ensino. Esses materiais, difundidos nas exposições universais, realizadas na
segunda metade do século XIX com a participação de diversos países, entre eles
o Brasil, compreendiam peças do mobiliário escolar; quadros negros parietais;
caixas para ensino de cores e formas; quadros do reino vegetal, gravuras,
cartas de cores para instrução primária; aros, mapas, linhas, diagramas, caixas
com diferentes tipos de objetos como pedras, metais, madeira, louças, cerâmica,
vidros; equipamentos de iluminação e aquecimento; alimentação e vestuário etc.
Mas o uso de todo esse variado material dependia de diretrizes metodológicas
claras, implicando a adoção de um novo método de ensino entendido como
concreto, racional e ativo. O que se buscava, portanto, era uma orientação
segura para a condução dos alunos, por parte do professor, nas salas de aula.
Para tanto foram elaborados manuais segundo uma diretriz que modificava o papel
pedagógico do livro. Este, em lugar de ser um material didático destinado à
utilização dos alunos, se converte num recurso decisivo para uso do professor,
contendo um modelo de procedimentos para a elaboração de atividades, cujo ponto
de partida era a percepção sensível. O mais famoso desses manuais foi o do
americano Norman Allison Calkins, denominado Primeiras lições de coisas, cuja primeira edição data de 1861, sendo
reformulado e ampliado em 1870. Foi traduzido por Rui Barbosa em 1881 e
publicado no Brasil em 1886.